O ato de adotar criança é uma decisão repleta de amor, comprometimento e responsabilidade. Esse processo não apenas proporciona uma nova oportunidade e transforma a vida da criança, mas também provoca um impacto profundo e duradouro na jornada emocional e na perspectiva de vida dos pais adotivos. No Brasil, a adoção é regida por um conjunto de regras e diretrizes que visam garantir o bem-estar da criança e a formação de lares estáveis e acolhedores. Apesar de desafiador, esse caminho pode levar a recompensas emocionais inestimáveis. Neste artigo, vamos abordar, de forma aprofundada, como funciona o processo de adotar criança, seus desafios, os tipos de adoção e exemplos reais que inspiram outras famílias.
O que significa adotar criança?
Adotar uma criança é criar um vínculo legal e emocional entre pais e filhos, onde direitos e deveres se equiparam aos de uma relação biológica. Mais do que um ato jurídico, a adoção simboliza a oportunidade de oferecer amor, segurança e um futuro promissor para crianças e adolescentes que muitas vezes enfrentam histórias de abandono, negligência ou violência.
Por exemplo, imagine João e Maria, um casal de meia-idade que decidiu adotar após tentativas frustradas de gravidez. Eles abriram mão de critérios rígidos como idade ou gênero e adotaram três irmãos que viviam há cinco anos em um abrigo. Hoje, a família celebra conquistas como a formatura escolar do mais velho, um marco que parecia distante anos atrás.
Esse exemplo demonstra como a adoção vai além da legalidade: é sobre acolher histórias, reconstruir laços e oferecer novas possibilidades.
Quem pode adotar criança no Brasil?
No Brasil, as regras para adotar criança são claras e estão previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Confira os critérios principais:
1. Idade mínima: Qualquer pessoa maior de 18 anos pode adotar, desde que haja pelo menos 16 anos de diferença entre o adotante e o adotado.
Exemplo: Ana, uma mulher solteira de 30 anos, adotou Clara, de 8 anos. A diferença de idade cumpriu o requisito legal, permitindo que Ana desse início ao processo de adoção.
2. Estado civil: Não importa se o adotante é solteiro, casado, divorciado ou em união estável. O que importa é que ele tenha condições de cuidar da criança.
Exemplo: Pedro, divorciado e sem filhos, decidiu adotar um adolescente de 15 anos após se voluntariar em um abrigo e criar um vínculo afetivo com o garoto.
3. Estabilidade emocional e financeira: Não é necessário ser rico, mas é imprescindível demonstrar capacidade de prover as necessidades básicas da criança.
Esses requisitos visam proteger a criança, garantindo que ela seja inserida em um ambiente saudável e acolhedor.
Como funciona o processo para adotar criança no Brasil?
O caminho para adotar criança pode ser longo, mas cada etapa tem um propósito claro: assegurar o melhor para a criança.
Cadastro no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA)
O primeiro passo é se inscrever no SNA, por meio da Vara da Infância e Juventude local. A inscrição oficializa o interesse e inicia o processo de avaliação.
Documentação
Os futuros adotantes devem reunir uma série de documentos essenciais que comprovem sua identidade, residência e situação jurídica. Entre os documentos exigidos estão:
Registro Geral (RG) e Cadastro de Pessoa Física (CPF): Esses documentos são necessários para identificar oficialmente os adotantes, confirmando sua cidadania e dados pessoais básicos.
Comprovante de residência: Este documento serve para validar o endereço do adotante, o que é essencial para as visitas domiciliares realizadas durante o processo de avaliação. Além disso, ele ajuda a Justiça a entender as condições do ambiente onde a criança será acolhida.
Certidões de antecedentes criminais: Emitidas por órgãos competentes, como a Polícia Federal ou Estadual, essas certidões garantem que o adotante não possui histórico de crimes ou envolvimento em situações que poderiam comprometer a segurança da criança.
Além desses, outros documentos podem ser solicitados, como comprovantes de renda, certidões de casamento ou união estável (quando aplicável) e atestados médicos que confirmem a saúde física e mental dos adotantes. Cada um desses documentos desempenha um papel fundamental no processo, não apenas para cumprir exigências legais, mas também para assegurar que o adotante esteja apto a oferecer um ambiente seguro e estável à criança.
Essa documentação é analisada cuidadosamente durante a etapa de habilitação, sendo a base inicial para que o sistema de adoção possa avançar, garantindo transparência e seriedade em todo o processo.
Entrevistas e avaliação psicossocial
Durante o processo de adoção, assistentes sociais e psicólogos desempenham um papel crucial ao realizar visitas domiciliares e entrevistas com os futuros adotantes. Essas etapas são destinadas a avaliar o ambiente familiar, o preparo emocional dos candidatos e sua capacidade de lidar com os desafios únicos que a adoção pode trazer.
As visitas domiciliares permitem que os profissionais observem a estrutura física da residência, como segurança, higiene e organização, além de aspectos emocionais, como a interação entre os membros da família e a disposição em acolher uma nova criança. As entrevistas, por sua vez, criam um ambiente propício para explorar as motivações dos adotantes, suas expectativas em relação à criança e a disposição em enfrentar desafios, como o processo de adaptação ou possíveis traumas prévios que a criança possa ter vivenciado.
Por exemplo, Marcos e Rafael, um casal em união estável, enfrentaram questionamentos sobre como lidariam com possíveis preconceitos enfrentados por Luiza, uma bebê de 2 anos que eles desejavam adotar. Os profissionais também investigaram como eles planejavam abordar temas relacionados à diversidade familiar e inclusão. Após serem considerados aptos emocional e estruturalmente, eles foram aprovados no processo e puderam oferecer um lar cheio de amor e acolhimento à pequena Luiza.
Essa etapa do processo é fundamental, pois assegura que a criança será inserida em um ambiente saudável, que respeite suas necessidades e promova seu desenvolvimento integral. Além disso, ajuda os adotantes a refletirem profundamente sobre suas responsabilidades e o impacto transformador da adoção em suas vidas.
Escolha do perfil da criança
No cadastro, os adotantes podem informar preferências quanto à idade, gênero, cor da pele e até mesmo condições de saúde. Contudo, é importante ter flexibilidade, pois crianças fora dos perfis mais desejados esperam por mais tempo nos abrigos.
Exemplo: Júlia e Roberto inicialmente queriam adotar um bebê, mas, ao conhecerem duas irmãs de 9 e 12 anos, mudaram de ideia e ampliaram sua família.
Match e período de convivência
Quando é encontrada uma criança compatível, inicia-se o período de convivência supervisionado. A adaptação é acompanhada por assistentes sociais antes da decisão final.
Sentença judicial de adoção
A decisão do juiz transforma o vínculo em definitivo, assegurando todos os direitos da criança à nova família.
Tipos de adoção no Brasil
Adoção Nacional
A modalidade mais comum, onde tanto a criança quanto os adotantes vivem no Brasil.
Adoção Internacional
Quando não há pretendentes no território nacional, crianças podem ser adotadas por famílias de outros países, seguindo regras específicas.
Exemplo: Sofia, uma menina de 10 anos, foi adotada por uma família francesa após anos sem pretendentes no Brasil.
Adoção Unilateral
Ocorre quando o cônjuge ou companheiro adota o filho biológico ou adotivo do outro.
Exemplo: Larissa, casada com Paulo, adotou oficialmente o filho de 6 anos que ele teve de um relacionamento anterior.
Adoção Tardia
Refere-se à adoção de crianças acima de 8 anos, adolescentes ou grupos de irmãos.
Exemplo: A história de Carla e Rodrigo, que adotaram três irmãos de 7, 10 e 14 anos, é um exemplo emocionante de adoção tardia e do impacto que ela tem na preservação de laços familiares.
Adotar criança: desafios e benefícios
Adotar uma criança é uma experiência transformadora, mas não está isenta de dificuldades.
Desafios comuns
Burocracia: O processo pode levar anos, o que exige paciência.
Adaptação: Construir laços afetivos, especialmente em adoções tardias, pode ser um desafio.
Preconceito: Algumas famílias enfrentam julgamentos por questões como diferenças étnicas ou escolha de adoção por casais homoafetivos.
Benefícios
Impacto positivo na vida da criança: Para crianças em abrigos, ser adotado pode significar acesso à educação, saúde e amor familiar.
Amor e gratidão: Muitos pais adotivos relatam que a experiência fortalece os laços familiares e proporciona um amor incondicional que supera quaisquer desafios.
Como ajudar crianças sem adotar?
Nem todos estão prontos para adotar, mas há várias formas de fazer a diferença:
Voluntariado em abrigos: Ler histórias, ajudar nas tarefas ou simplesmente oferecer companhia.
Apadrinhamento afetivo: Uma forma de criar vínculos com crianças e adolescentes que dificilmente serão adotados.
Esse vídeo é muito esclarecedor: O que você pode fazer pelas crianças abrigadas? Família Acolhedora
Conclusão
Adotar uma criança é, antes de tudo, um ato profundo de amor e humanidade. É uma decisão que exige coragem para enfrentar os desafios, generosidade para abrir o coração e o lar, e compromisso para oferecer à criança não apenas um lugar na família, mas também segurança, afeto e oportunidades.
Cada história de adoção carrega consigo uma jornada singular, tecida por expectativas, desafios e a construção de um vínculo que transcende laços biológicos. Há pais que escolhem a adoção após anos de tentativas frustradas de concepção, enquanto outros decidem adotar por sentirem que podem oferecer um lar para aqueles que mais precisam.
Um aspecto fascinante da adoção é que, apesar das diferenças nas histórias individuais, todas compartilham um ponto em comum: o desejo profundo de transformar vidas. Adotar é reescrever capítulos, tanto para a criança quanto para os pais, permitindo que um futuro cheio de possibilidades surja a partir do amor.
Se você sente o chamado para adotar, é essencial compreender que essa decisão vai muito além de um simples desejo. Ela exige preparação emocional, informação sobre os trâmites legais e um coração disposto a acolher tanto as alegrias quanto os desafios da parentalidade adotiva. É uma jornada que pode exigir paciência, especialmente durante o processo burocrático, mas que recompensa com uma experiência de vida enriquecedora e transformadora.
Por isso, informe-se profundamente sobre as etapas envolvidas na adoção, busque apoio em redes de pais adotivos ou profissionais especializados e esteja pronto para viver uma experiência que redefine o conceito de família e amor. Adotar não é apenas um ato de trazer uma criança para casa, mas de construir juntos um lar e um futuro.
Veja também nosso artigo: Os desafios da adoção e como supera-los com amor
Amei essas dicas! Consegui compreender as etapas da adoção! Vou pensar isso, quem sabe no futuro 🥰